Quantas pessoas já encontraram informações sobre as empresas que trabalham nos jornais, revistas, televisão, ou até mesmo ouviram conversas pelos corredores, e foram “os últimos a saber”?
Situações como estas ocorrem quando a empresa não tem qualquer tipo de preocupação com sua comunicação interna. Mesmo hoje, vivendo em um mundo globalizado, de avanços tecnológicos, de maior facilidade de acesso ao conhecimento, de comunicação “on line”, esta infelizmente ainda é a realidade da grande maioria das empresas.
Existe uma grande diferença entre as teorias apresentadas nas obras de referência, e o cotidiano das empresas, onde o clima organizacional é apresentado como harmonioso, um contexto em que todos sabem o que acontece, a diretoria conversa diretamente com seus subordinados, não há ruídos, nem conflitos. Este pode ser o modelo perfeito, e é, mas são poucos os gestores que vêm a comunicação como peça fundamental para sobrevivência da organização em um mercado tão competitivo. A maioria está focada em números, vendas, lucratividade, e não dá a devida atenção a comunicação existente, nem está focado naqueles que fazem com que aqueles números sejam crescentes e positivos: os colaboradores.
Uma empresa pode alcançar o diferencial competitivo quando focar seus esforços na comunicação estabelecida com seus colaboradores, e conseguir estimular a motivação destes ao fazer com que se sintam importantes, se sintam partes do processo.
A importância de desenvolver uma comunicação estratégica eficaz com a equipe é baseada no fato que a imagem construída por eles da organização, é refletida para o público externo.
Segundo Marques (2004), “a imagem que os funcionários têm da organização que trabalham é a base da imagem externa. Não existe melhor estratégia de comunicação do que transformar seus funcionários em verdadeiros embaixadores de sua empresa”.
A este propósito, Tavares afirma, “funcionários insatisfeitos com as condições de trabalho e com os próprios produtos lançados, irão fazer uma contra-propaganda cada vez que multiplicam fora da empresa a sensação de descontentamento que os dominam. E, caso estejam satisfeitos com a empresa, poderão vendê-la para o cliente externo.”(2005: 05)
Diante deste contexto, e de um mercado cada vez mais competitivo, as empresas estão, aos poucos, percebendo a importância de investir na comunicação interna, e passando a ver seus colaboradores, não apenas como mão-de-obra, mas também (e acima de tudo) como capital humano que gera resultados. Qualquer empresa se preocupa com seu futuro, com sua manutenção no mercado, mas para isso é imprescindível a maior participação e integração da equipe, para então conquistar os objetivos traçados.
Rosalina Tavares (2005) relata também que a atitude estratégica voltada para o atendimento a clientes faz com que os funcionários tenham capacidade de responder qualquer dúvida que surja dentro da companhia, e isso inclui envolvimento, comprometimento, valorização e, principalmente, qualificação do funcionário, visando assumir responsabilidades e iniciativas, conhecendo todas as rotinas de serviço da empresa onde atuam. Afinal, uma informação errada dada ao cliente externo ou uma imagem negativa pode comprometer todo o desenvolvimento de um projeto.
Quando a autora acima fala em integração, participação, envolvimento, comprometimento e valorização, está intrinsecamente a falar da conseqüência que estes podem gerar nas pessoas envolvidas, sendo este um dos objetivos da comunicação interna: a motivação.
Todas as empresas iniciam seus trabalhos no mercado com o intuito de alcançar a excelência no seu segmento, mas infelizmente poucas conseguem. A busca pela melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos já não é mais um diferencial, e sim um fator obrigatório. O diferencial hoje está nas pessoas, na comunicação estabelecida entre elas, e para elas.
As organizações, de um modo geral, não têm estratégia de relacionamento com sua equipe, e a comprovação disso é o fato de ser comum encontrar empresas em que as pessoas vivem estressadas e cansadas com o ritmo de trabalho acelerado, acusando falta de informação, ou demasiada informação, distanciamento das chefias, falta de envolvimento nas decisões que os afetam, fraca capacidade de fazer valer o seu contributo, entre muitas outras situações.
A comunicação não é função de um ou de outro departamento específico, é função de todos na organização, desde a administração aos subordinados, tendo que ser praticada com responsabilidade pelos envolvidos para gerar os resultados pretendidos.
A gestão eficaz da comunicação interna melhora o clima organizacional, ajuda a motivar as pessoas que passam a confiar mais na empresa em que trabalham, por conhecê-la melhor, por aprofundar-se mais nos seus processos internos, por opinar e participar das decisões estratégicas.
Construir relacionamento com sua equipe, informar, persuadir, envolver e consequentemente motivar, ajuda a construir uma imagem organizacional mais clara, limpa para os diversos públicos da organização. Pois, como foi citado no início, a imagem que o público interno tem da empresa reflete na imagem percebida pelo público externo.
PRISCYLA CALDAS
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Referências:
Tavares, R. S. A. (2005). A importância da comunicação interna para o desenvolvimento organizacional: um estudo de caso em empresa brasileira. Dissertação apresentada ao Departamento de Administração da Universidade de São Paulo para obtenção do grau de mestre, orientada por Ana Cristina Limongi-França, São Paulo.
Marques, R. (2004). Comunicação Interna (documento online) Rh.com.br – o Portal dos Profissionais de Recursos Humanos. Acedido em 07 de Junho de 2009, em: http://www.rh.com.br/Portal/Comunicacao/Artigo/3715/comunicacao-interna.html
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Este artigo foi citado como referência bibliográfica em um artigo acadêmico. Link ao lado >> http://www.priscylacaldas.com.br/referencia-bibliograficaa/