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“Quem já viu uma propaganda, que te convenceu que o seu microfone está ouvindo suas conversas?” – The Great Hack (Privacidade Hackeada)

“Quem já viu uma propaganda que te convenceu que o seu microfone está ouvindo suas conversas? Todas as suas interações, as transações do cartão, pesquisas da web, localizações, curtidas, tudo isso é coletado em tempo real numa indústria trilionária” e “A razão por que a Google e o Facebook são as empresas mais poderosas do mundo, se deve aos dados terem superado o valor do petróleo. É o bem mais valioso da terra”.

Com frases como estas, inicia o documentário ‘The Great Hack’ ou ‘Privacidade Hackeada’, produzido pela Netflix, que fará com que você repense tudo o que vê na internet.

Todo o tempo em que assistia, milhares de situações que vivenciei em todos estes anos trabalhando com marketing digital, passavam na minha mente. Sempre soube dos riscos que teriam na coleta de dados e no uso destes, mas ainda não tinha me dado conta do quanto, um pequeno grupo interessado no poder, poderia fazer mal a tanta gente em benefício próprio.

Durante muitos anos, a sociedade em geral utilizou aplicativos feitos por universitários, que tinham inicialmente a intenção de interligar o mundo e, com isso, disponibilizou seus dados pessoais, que ao longo dos anos foram utilizados sem consentimento em negócios milionários.

O documentário retrata principalmente a campanha de Trump, Brexit e no final, citam outras campanhas eleitorais no mundo, entre elas a campanha do então presidente eleito Jair Bolsonaro. Fala-se da participação decisiva do Whatsapp, empresa do grupo Facebook, na conquista deste e a propagação de ‘fake news’, o método mais utilizado para enfrentar seu opositor.

Esta realidade filtrada, mostra como as plataformas digitais sendo usadas por pessoas cujo interesse é sujo, podem manipular a sociedade, dividindo a população seja nos Estados Unidos, Brasil, ou qualquer outro país, gerando o caos político, econômico e social.

A questão que me leva a reflexão, não é apenas a quantidade de informações que estas grandes empresas possuem de nós, e sim, quem está tendo acesso a elas e para qual fim.

Acho sim que, banco de dados enquanto ferramenta para segmentação de público-alvo em uma campanha de marketing, tem fundamental importância para que a empresa possa falar diretamente com o cliente que necessite aquele produto ou serviço. Não vejo até aí nenhum problema. Mas o que é relatado, é que além desta, algumas ações muito perigosas e nada democráticas, estão sendo usadas para beneficiar indivíduos interessados em ‘dominar o mundo’.

A quantidade de pessoas que multiplicam inverdades, achando que estão corretos, através de ‘memes’ manipulados por estes grupos, com intenções de mobilizá-las a seguirem um determinado comportamento e com isso, terem seu apoio para conquistar o que tanto desejam, é incalculável.

O lado bom desse escândalo, é que além da população ficar ciente dos fatos, é que espera-se que a partir de agora, regras mais severas e um acompanhamento rigoroso cercará estes empresários e políticos, para que esta prática não tire, em caso de novas eleições, o direito da população decidir democraticamente em quem irá votar. E, não sendo mais manipulados por posts patrocinados disseminando mentiras.

A mensagem que deixo aqui para reflexão é que, antes de acreditar em informações, compartilhar dados e defender qualquer posicionamento, avalie, leia, pense, se sua conduta não está sendo manipulada ou se você está construindo sua argumentação baseada em uma opinião sólida, reflexiva. Avalie antes se a sua decisão não beneficiará poucos em detrimento de muitos.

A internet, como as mídias sociais, tem papel importante no desenvolvimento da sociedade, propagação de conteúdo relevante e facilidade na comunicação entre pessoas de todo mundo. Mas ela também tem seu lado obscuro… Não faça parte dele.

Priscyla Caldas